quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Saúde investiga superdosagem de antibiótico prescrita por estrangeiro do Mais Médicos


A HISTÓRIA ABAIXO O GOVERNO NÃO DIVULGA.



Saúde investiga superdosagem de antibiótico prescrita por estrangeiro do Mais Médicoshttp://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/saude-investiga-superdosagem-de-antibiotico-prescrita-por-estrangeiro-do-mais-medicos/

Por Flávio Ilha, no Globo Online:
O Ministério da Saúde abriu nesta terça-feira uma investigação contra o médico argentino Juan Carlos Cazajus por suposto erro médico na prescrição de medicamentos a um paciente em Tramandaí, no litoral norte do Rio Grande do Sul. A prescrição, datada de 8 de outubro, indicava o uso intensivo do antibiótico Azitromicina 500mg, numa dose muito superior à recomendada pela literatura médica. O profissional começou a atuar na cidade há 15 dias no programa Mais Médicos do governo federal.
Segundo a receita, o paciente deveria tomar 24 comprimidos do antibiótico de oito em oito horas. A dose recomendada, segundo o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), não deveria passar de uma cápsula diária durante três dias – em casos considerados mais graves, o período de medicação poderia ser estendido a uma pílula diária por oito dias. Um médico supervisor do Ministério da Saúde, que foi à cidade apurar a informação, confirmou que Cazajus foi o autor da prescrição. Ele disse que o médico recomendou a superdosagem devido à gravidade do quadro clínico do paciente, que apresentou infecção respiratória acentuada por falta de ar.
 Ainda segundo o supervisor, o paciente é fumante e apresenta um histórico de resistência ao tratamento. O diretor da secretaria municipal da Saúde, César Santos, confirmou a informação e disse que o procedimento do profissional se baseou em “evidência clínica”. “O paciente não apresentou nenhum sintoma em função da dose prescrita e seu quadro de saúde é estável”,informou Santos. Em nota, o Ministério da Saúde informou que está em Tramandaí para “acompanhar e avaliar” a atuação do profissional, após a comunicação de prescrição de uma dose “possivelmente inadequada” de um antibiótico. Não houve nenhuma denúncia formal contra o médico e a investigação foi motivada por informações da imprensa.
(…)
Por Reinaldo Azevedo

MAIS MÉDICOS, SAÚDE, DÚVIDAS

QUAL É O INTERESSE DAS PREFEITURAS NO PROGRAMA MAIS MÉDICOS? PARTE 2

COMO FICA O POVO NESTA HISTÓRIA? NINGUÉM FALA NA MELHORIA DA SAÚDE DO POVO. SÓ FALAM EM DINHEIRO.
Prefeituras vão demitir médicos para receber equipes do governo
11 cidades já falam em trocar pessoal para ficar com brasileiros ou estrangeiros custeados pela União
Decisão tomada por economia pode afetar plano de Dilma de reduzir falta de profissionais no país
LUCAS REISDE MANAUSAGUIRRE TALENTODE FORTALEZANELSON BARROS NETODE SALVADORDANIEL CARVALHODO RECIFE
Para aliviar as contas dos municípios, médicos contratados por diferentes prefeituras no país serão trocados por profissionais do Mais Médicos, programa do governo Dilma Rousseff (PT) para levar estrangeiros e brasileiros para atendimento de saúde no interior e nas periferias.
Na prática, a medida anunciada à Folha por prefeitos e secretários de saúde pode ameaçar a principal bandeira do plano: a redução da carência de médicos nesses lugares.
A reportagem identificou 11 cidades, de quatro Estados, que pretendem fazer demissões para receber as equipes do governo federal. Segundo as prefeituras, essa substituição significa economia, já que a bolsa de R$ 10 mil do Mais Médicos é totalmente custeada pela União.
O plano de Dilma foi lançado em julho e provocou polêmica na classe médica principalmente devido à vinda de estrangeiros --incluindo 4.000 cubanos, que devem ser deslocados para 701 cidades que não despertaram interesse de ninguém na primeira fase do Mais Médicos.
Outro atrativo alegado por prefeituras para a troca de equipes é a fixação desse novo médico no município por um período mínimo de três anos. Prefeitos reclamam da alta rotatividade dos médicos, que não se adaptam à falta de estrutura nessas localidades.
As cidades que já falam em trocar suas equipes estão no Amazonas (Coari, Lábrea e Anamã), na Bahia (Sapeaçu, Jeremoabo, Nova Soure e Santa Bárbara), no Ceará (Barbalha, Cascavel, Canindé) e em Pernambuco (Camaragibe).
Hoje, as prefeituras recebem da União cerca de R$ 10 mil por equipe no programa Saúde da Família. Complementos de salários e encargos, porém, são pagos com recursos de cada cidade.
Um exemplo é Coari, no Amazonas, a 421 km de barco de Manaus, onde a prefeitura paga R$ 25 mil para médicos recém-formados e R$ 35 mil para os especialistas.
"Somos obrigados a pagar esse valor ou ninguém aceita. Vamos tirar alguns dos nossos médicos e colocar os profissionais que chegarão do Mais Médicos", diz o secretário da Saúde, Ricardo Faria.
A prefeitura diz que vai demitir um médico de seu quadro para trocá-lo por outro que chegará já na primeira fase do programa federal.
Plano igual ao de Lábrea (a 851 km de Manaus), que tem seis médicos. "Pago R$ 30 mil para cada um deles. [Substituí-los] diminuiria os gastos da prefeitura", diz o prefeito Evaldo Gomes (PMDB).

    QUAL É O INTERESSE DAS PREFEITURAS NO PROGRAMA MAIS MÉDICOS?

    VEJAM A REPORTAGEM PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO. VEJAM QUAIS SÃO OS INTERESSES DAS PREFEITURAS PELO PROGRAMA MAIS MÉDICOS. E O POVO COMO FICA NESTA HISTÓRIA?
    (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/126612-disseram-que-eu-tinha-que-dar-lugar-a-um-cubano-diz-demitida.shtml)
    'Disseram que eu tinha que dar lugar a um cubano', diz demitida
    Médica em povoado do interior da Bahia será substituída por profissional do Mais Médicos
    Prefeito fala em 'uma série de vantagens' com programa federal e afirma que substituto será outro brasileiro
    DE SALVADORHoje, em Murici, povoado de Sapeaçu (município a 150 km de Salvador), será o último dia de trabalho da médica mineira Junice Moreira, 47, no posto de saúde da família.
    "Eu estava de plantão na quarta-feira da semana passada quando me ligaram. Disseram que eu tinha que dar lugar a um cubano", afirma.
    O aviso da demissão partiu da Coofsaúde --cooperativa que faz o pagamento dos médicos que trabalham no município, por meio de contrato com a prefeitura.
    A Coofsaúde confirma a saída de Junice e também que, em seu lugar, entrará um profissional do programa federal Mais Médicos.
    A Prefeitura de Murici nega que o substituto de Junice será um médico cubano.
    Ao ser informada pela cooperativa, a brasileira diz ter se surpreendido."Respondi que não tinha entendido, que não tinha feito nada errado", afirma a médica.
    "Mas deixaram claro: Está vindo aí um médico de Cuba e a senhora vai precisar ceder a vaga a ele'", completa Junice, que mora no interior da Bahia há sete anos, na vizinha Cruz das Almas.
    Não teve como resistir. Desligada a tempo de não constar na folha salarial de setembro, Junice diz que seus pacientes chegaram a chorar e a levar lembranças para ela assim que souberam da demissão. "O pessoal de Murici me adora."
    Ao todo, foram seis meses trabalhando no "postinho", como chama o local. Ela diz que a cooperativa até lhe ofereceu uma transferência para outro lugar, mas não aceitou.
    Junice faz plantão em diferentes municípios da região, como Ubaíra.
    O caso chegou ao CRM da Bahia, e o presidente do conselho, José Abelardo de Meneses, encaminhou uma denúncia ao Ministério Público.
    "Não vai ter mais médicos', como diz o nome do programa, mas mais médicos atendendo ao governo federal", afirma Meneses.
    'VANTAGENS'
    O prefeito de Sapeaçu, Jonival Lucas (PTB), confirma a demissão de Junice e a chegada de um profissional do Mais Médicos para substituí-la.
    Lucas afirma que a médica deixará o cargo por não cumprir a carga horária estabelecida e que o substituto será um profissional brasileiro que já atuou naquela região do interior da Bahia.
    "Já estávamos procurando outro para assumir o lugar dela", diz o prefeito do município, que fala em "uma série de vantagens para o município" com o Mais Médicos.
    "O programa desonera nossa folha, porque o pagamento não é mais feito por nós", afirma o prefeito.

    Cumprimento da lei 2942/2012

    Após longa espera e o exercício da cidadania conseguimos fazer com que a lei fosse cumprida.


    terça-feira, 15 de outubro de 2013

    AVISO: CUMPRIMENTO DA LEI 2942/2012 SOBRE O RECOLHIMENTO DO ÓLEO DE COZINHA USADO

    Após quase 80 dias de espera e insistência o munícipe recebeu a resposta da gerente do PREZUNIC da Alameda São Boaventura em Niterói  em 15/10/2013 às 18h52'. Ela anunciou que o supermercado irá cumprir a LEI 2942/2012 DE ORIGEM: PROJETO DE LEI - 196/2010 publicado em 25/09/2012 e sancionada desde 26/04/2012: estabelece obrigatoriedade aos estabelecimentos comercializadores de óleo de cozinha, especificamente mercados e supermercados, acima de 50 (cinqüenta) metros quadrados de área destinada ao consumidor, a manter em local visível e de fácil acesso, recipiente especial para o seu descarte.

    Todos os cidadãos residentes próximos ao supermercado podem levar os recipientes PETS com o respectivo óleo de cozinha usado e colocá-los no recipiente coletor. O MEIO AMBIENTE AGRADECE.

    domingo, 13 de outubro de 2013

    EMPRESA DE COMÉRCIO VAREJISTA LOCANDO VEÍCULOS PARA TRANSPORTE DE ALUNOS! ISSO PODE?

    No diário oficial de 19 de setembro 2013 apresentou uma situação no mínimo questionável. Como pode uma empresa cujo CNPJ não descreve locação de veículos para transporte de alunos locar veículos para este fim? O que o MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL  ESTÁ FAZENDO? E OS VEREADORES? A PREFEITURA ESTÁ INVESTINDO EM QUEM? NA EDUCAÇÃO?

    VEJA OS DADOS DA RECEITA FEDERAL E DO DIÁRIO OFICIAL ABAIXO:







    PLANIPAES - PARTE 2

    No diário oficial de 19 de setembro de 2013. Outro contrato com a Planipaes e a Prefeitura. De novo ADITIVO. MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL VAI FAZER O QUÊ?


    TRANSPORTE DE ALUNOS X PLANIPAES: DE NOVO!!! HÁ IRREGULARIDADE?

    No diário oficial de 13 de setembro de 2013 na página 6 NOVAMENTE observa-se uma empresa cuja atividade principal é a construção de edifícios. Nas atividades secundárias da empresa em nenhum momento há descrição de locação de veículos para transporte de alunos. Neste mesmo blog pode ser observada a mesma informação sobre a mesma empresa. É incompreensível o Ministério Público Estadual e os vereadores de oposição ou da situação fecharem os olhos para a situação. Como uma empresa cujo CNPJ não permite a locação de veículos para transporte de alunos consegue fazer este serviço para a prefeitura? Os veículos da empresa atendem as condições exigidas por lei para o transporte de alunos? Quem fiscaliza os mesmos? Quem são os motoristas? Os mesmos apresentam habilitação e credenciamento para este tipo de serviço? Veja que o recurso aplicado para o contrato do serviço é SEMPRE POR MEIO DE ADITIVO. MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL VAI FAZER O QUÊ?

    domingo, 8 de setembro de 2013

    PSF (ESF)/PACS/PSE em Campos dos Goytacazes, Ministério da Saúde e o TCE - RJ

    De acordo com os estudos socioeconômicos do TCE RJ de 2012:
    “A implementação dessa estratégia (ESF) preventiva no estado do Rio de Janeiro, de acordo com o Ministério da Saúde, até finais de 2011, ainda não havia se consolidado: Campos dos Goytacazes não possuía ACS nem ESF; São Fidélis não dispunha de ESF; 18 municípios não dispunham de ESB e 77, de ESB 2. Os desafios que se impõem para um melhor andamento dessa política de saúde pública vão desde a precarização dos processos de seleção e recrutamento, bem como das relações de trabalho, com baixos salários, carga horária excessiva e contratações instáveis, e passam pela falta de entrosamento e capacitação dos agentes comunitários de saúde e dos demais componentes das equipes, culminando com a demanda excessiva e com a reversão da ênfase inicialmente proposta: de preventiva e promotora da saúde para tão somente curativa.”

    A partir do trecho extraído de um documento oficial do tribunal de contas do Estado do Rio de Janeiro é complicado compreender como a prefeitura de Campos dos Goytacazes por meio de seus gestores investe (figura abaixo) cerca de R$668.860,42 (Diário Oficial de 30 de Julho de 2013) no programa que não possui profissionais cadastrados, segundo dados do Ministério da Saúde. Para onde e como estão sendo aplicados estes recursos?




    sábado, 7 de setembro de 2013

    Mais Fatos e Menos Propaganda – A verdade sobre os Médicos no Brasil

    Mais Fatos e Menos Propaganda – A verdade sobre os Médicos no Brasil
    Texto de: João Paulo Gonzaga de Faria é médico, residente em Genética Médica no Hospital das Clínicas da UFMG

    Uma tentativa de breve texto para elucidar a realidade dos Médicos no Brasil.
    No dia 06 de maio deste ano, o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, anunciou a intenção de “importar” (termo utilizado) 6 mil “médicos cubanos” para trabalhar em “áreas carentes” do Brasil, sem exigência do “Revalida”.  O argumento utilizado foi que existe carência de médicos no país, e gerou-se o embrião de mais uma crise dentre as várias outras que atingem o governo federal atual.
    “Médicos cubanos”, “Revalida”, “áreas carentes”, termos que vêm sendo usados exaustivamente na mídia, que tentarei explicar o contexto o qual eles pertencem.
     Os parágrafos seguintes dispõe de alguns números que podem parecer um monte de dados, mas estão dispostos de forma sucinta para que cada um possa tirar suas próprias conclusões.
    Primeiramente, o Brasil dispunha, em outubro de 2012, de 388.015 médicos, sendo que em um ano (entre outubro de 2011 e outubro de 2012) formaram-se 16.277 novos médicos, conferindo um aumento anual de 4.36%.
    De 1970 até 2012, a população brasileira aumentou 101.84%, enquanto o número de médicos aumentou 557.72%, cinco vezes mais.
    O número de faculdades de medicina no Brasil cresceu 82% nas duas últimas décadas, chegando a 167 no ano de 2007, levando o país para a segunda posição mundial em número de cursos de graduação na área, perdendo apenas para a Índia, que possui 222 cursos para uma população de mais de 1 bilhão de pessoas. A China e os EUA possuem, respectivamente,  150 e 125 faculdades de medicina.
    O Brasil dispõe de 2,0 médicos por 1.000 habitantes, segundo o último senso de demografia médica do Conselho Federal de Medicina, sendo 1,01 na região Norte, 1,2 no Nordeste, 2,67 no Sudeste, 2,09 no Sul e 2,05 na região Centro Oeste. No Distrito Federal, berço do governo, a taxa é de 4,09 médicos por 1.000 habitantes, a mais alta do país.
    Mantendo o ritmo atual de formação de profissionais, o Brasil atingirá 500 mil profissionais daqui a sete anos (em 2020) com uma taxa de 2,41 médicos por 1.000 habitantes, semelhante à atual taxa americana.
    Porém, a OMS recomenda 1.0 médico por 1.000 habitantes. Olhando apenas pelos números, estamos duas vezes acima do recomendado, e prontos para alcançar (e ultrapassar) os americanos em 07 anos.
    Ainda assim, não há médicos em muitas regiões do Brasil, especialmente as carentes, e por carentes não pensem em uma aldeia no Acre, pois em regiões metropolitanas de grandes metrópoles também não se encontram profissionais. E reforçando, o Brasil forma 16.277 novos médicos por ano atualmente. Então, por quê há carência de médicos?
    Salário? Muitos já ouviram falar de salários de R$ 30 mil oferecidos para médicos no interior do Pará, ou R$ 15 mil de uma cidade no interior de algum estado do sudeste.
    Pois bem, tais salários oferecidos não dispõe de direitos trabalhistas, leiam-se férias, 13º salário e quaisquer outro direito que qualquer trabalhador brasileiro tem. Não existem garantias ou contratos. A maioria é verbal e o médico é o único responsável pelas vidas daquela região. Você toparia perder uma mãe e um filho em um parto,  por R$30 mil?
    Se topasse, você também não receberia R$ 30 mil. As prefeituras que oferecem salários extremamentes altos geralmente honram apenas o primeiro mês, as vezes o segundo, e atrasam e/ou simplesmente não pagam os meses seguintes. Em uma média aritmética de um atraso de quatro meses, o salário real cai para 25%. Como não existem contratos, garantias, direitos trabalhistas, fica tudo por isso mesmo.
    Não menos importante, falta infra-estrutura. Não estamos falando de ressonância magnética ou medicina nuclear, e sim de um ultra som para fazer pré natal, exame de sangue e raio x para diagnosticar pneumonia, remédios básicos para trata-la e, o mais importante, outros profissionais da área de saúde.
    Médico não trabalha sozinho, os vetos do ato médico estão aí pra provar. Não fazemos partos ou cirurgias sem enfermeiras, não sabemos fazer fisioterapia, não sabemos estimular crianças com dificuldades ou necessidades especiais, dietas para tratar diabéticos ou obesos. E obviamente, a única coisa que sabemos sobre higiene bucal é escovar os dentes.
    A imagem do médico sozinho carregando a própria maleta na porta de uma casa é uma realidade de uma época que a medicina não conhecia nem sabia tratar nada do que ela tenta cuidar hoje.
    O governo conhece toda essa realidade, e os médicos também.
    Por isso os médicos estão propondo, há dez anos, uma solução para, pelo menos, as garantias trabalhistas, apresentando ao governo federal um plano de concurso público com carreira de estado para os médicos,  nos moldes dos que ocorrem com juízes, que teriam estabilidade e garantia de carreira para se fixarem no interior com suas famílias.
    Porém, após dez anos, a solução subitamente emergencial apresentada pelo governo, segundo os fatos, foi a importação imediata de médicos estrangeiros, cubanos ou não, para suprir a carência destes profissionais. Nenhuma vírgula foi dita sobre maiores ou melhores investimentos no SUS e em sua infra-estrutura ou sobre os outros profissionais da área de saúde.
    Mas, para um médico estrangeiro trabalhar no Brasil, este precisa antes fazer um examechamado Revalida, que é uma prova de conhecimentos médicos para avaliar se o conteúdo adquirido em outro lugar do mundo é suficiente à realidade brasileira. Apesar do corpo humano ser o mesmo, o ambiente difere, e muito, de um país para o outro. E é dele que contraímos as doenças. Febre amarela, por exemplo, é muito conhecida pelos médicos na região norte do Brasil. Agora pergunte para um argentino, americano, europeu, ou mesmo um gaúcho. Não é uma doença comum nessas regiões, assim como nelas existem as mais comuns. E há o idioma. Existe uma diferença entre saber o que é uma dor epigástrica e um bucho doído. O índice de reprovaçãonas últimas provas do Revalida atingiram 92%.
    Para driblar o possível imbroglio que uma reprovação em massa poderia causar, o governo criou outra solução, e literalmente driblou o Revalida. Os médicos que estão aportando no paísnão precisarão fazer a prova e terão um registro profissional provisório, que não existe e não está previsto de existir nos Conselhos Regionais de Medicina. Não é como uma Carteira Nacional de Habilitação Provisória, onde há um limite de erros para você não perdê-la.
    Quanto à remuneração, ofereceram bolsas de R$10 mil reais, chegando a R$30 mil reais em regiões inóspitas.
    Perceberam o termo “bolsa”? Por que não “salário”? Simplesmente porque os médicosnão terão direitos trabalhistas, e se permanecerem menos de três anos, terão de devolver o dinheiro. Qual o nome de trabalho sem direitos e de graça, caso alguém desista?
    Sabe-se que o governo federal irá pagar R$511 milhões para Cuba, pelos médicos cubanos, porém o governo brasileiro não sabe quanto será repassado ao médico cubano. O salário de um médico cubano, em Cuba, é de aproximadamente R$60,00 (sessenta reais).
    Os cubanos são os únicos que irão para o interior, carente de infra- estrutura, simplesmente porquê eles não dispõem de opção de escolha, também conhecida como liberdade.
    E, finalmente finalizando, 4.000 cubanos? Isso aumentaria  a taxa atual de médicos no Brasil de 2,0 para apenas 2,02 por 1.000 habitantes, sem alterar mais nenhum aspecto o sistema público de saúde.
    Com uma conta matemática simples e não eleitoral, ao final de 2014, sem os médicos cubanos, a taxa de médicos no Brasil já seria de 2,08 por 1.000 habitantes (com os 16.277 novos formandos anuais) e os R$511 milhões poderiam ser investidos, com folga, em hospitais, outros profissionais e, tão importante quanto e tão aclamado nas manifestações, educação para, quem sabe, os futuros governos saibam fazer contas básicas em vez de eleitorais.


    João Paulo Gonzaga de Faria é médico, residente em Genética Médica no Hospital das Clínicas da UFMG
    Fontes:
    WHO – World Health Organization; 
    Conselho Federal de Medicina. Demografia Médica do Brasil, volume 2, 2013.


    Por que o governo não discute este quadro com a sociedade?


    O problema de saúde pública no país está relacionado às malversações dos recursos públicos. Neste contexto, os gestores das unidades de saúde (hospitais, UPAS e outras) e os nossos políticos deixam a infraestrutura da saúde definhar, medicamentos ficarem escassos ou faltarem, sobrecarregam de atividades os profissionais existentes nas unidades para lançarem mão de aditivos para contratarem serviços, compra de medicamentos e contratações caducas e por indicação (muitas vezes com intuito político) sem as licitações. Podemos observar nos diários oficiais dos municípios tais práticas.
    O Conselho Federal de Medicina (CFM) em seu levantamento verificou que ocorreu a redução de quase 13000 leitos nos serviços públicos. O Estado do Rio de Janeiro foi o que mais perdeu (aproximadamente 4000 leitos). Sabe-se que setores lentamente estão sendo fechados e profissionais “liberados” para que o serviço prestado fique prejudicado. Desta forma, as organizações sociais (OS) estão sendo infiltradas para “solucionarem os problemas”. As mesmas (OS) contratam de forma precária profissionais de saúde, reabrem setores antes fechados por “falta de profissionais” e consequentemente aumenta-se novamente o número de leitos no serviço público. Cria-se uma falsa impressão que tais organizações foram criadas para resolver o problema. Tem-se um efeito DENOREX (parece, mas não é) o que realmente acontece é a reativação do que já existia e sem aumento real de vagas.
    Na mídia observamos dados de prefeituras cadastradas no programa MAIS MÉDICOS com dificuldades de manterem os médicos participantes do programa. Isto denota que o problema não é falta de médicos e sim de infraestrutura. Além disso, teremos médicos trabalhando na mesma unidade fazendo o mesmo serviço e recebendo salários diferentes. Grotesco. Haverá equiparação salarial? Ocorrerá melhora na infraestrutura nestas unidades? Outro aspecto é que os gastos com a manutenção destes profissionais irá ser muito superior ao informado à sociedade. Despesas com moradias e outros gastos que não são computados aos salários. Enquanto isto, hoje os estatutários e outros profissionais contratados na área da saúde por “concurso” não têm o benefício nem da passagem. Vergonha a farsa do programa. Tampar o sol com a peneira. Os problemas continuarão. Como ficam os demais profissionais que estão há anos sem aumento?

    Cabem aos conselhos de classe, sindicatos, sociedade civil organizada e todos nós solicitarmos que as leis sejam cumpridas. O que destoa na fala dos governantes é que “a lei tem que ser cumprida”, mas vemos somente quando esta lhe favorece. Se isto é real para eles por que muitas são descumpridas pelos mesmos? Por que não disponibilizam os dados quando solicitados pela lei da transparência?

    sociedade, MAIS MÉDICOS, organizações sociais, hospitais, UPAS, medicamentos